domingo, 9 de novembro de 2014

O início do fim


É sempre assim! Tenho que estar sempre dependente dos outros para tudo. Melhor ainda, TEMOS de estar sempre dependentes dos outros para tudo. Ou melhor, temos de estar dependentes dos outros seja material ou imaterialmente. Incluindo a felicidade. Principalmente a felicidade. Por mais que pense que vou ser feliz ou sentir-me feliz tem de haver sempre um filho da puta que arruína esse meu sentimento. Foda-se.
Nunca nestas duas décadas de vida estraguei a felicidade de alguém e há pessoas que numa só noite conseguem arruinar a sua própria felicidade, a dos que lhes estão próximos e a dos que rodeiam estes últimos.
Estou farto. O saco encheu. De hoje em diante não vou estragar a minha felicidade pelos outros. Os outros que se fodam. Estou cansado de fazer sacrifícios pelos outros quando ninguém os faz por mim. Como ainda há dois dias estava feliz e hoje estou aqui a escrever isto.
Sinto-me como se estivesse numa caverna. Onde tudo está escuro e não existe ninguém para me ajudar. Estive muito perto da luz. Vi-a. Senti-a. Mas apagaram-ma. Nestes momentos obscuros só há uma coisa que me anima. A música. Não sei se ouço música depressiva porque estou deprimido se é esta música depressiva que me põe deprimido. Quero que isso se foda. É um circulo vicioso. Quanto mais deprimido estou mais a quero ouvir e quanto mais a ouço mais deprimido me sinto. É como se essa depressão trouxesse alguma felicidade. Por parecer que estou a falar com a música e ela a dar-me lições de vida.
Estou cansado. Sem forças. Faminto. Com sede. Sonolento. É como se fisicamente estivesse num deserto e espiritualmente numa caverna. Preciso que me guiem. Preciso de ajuda. Ajuda essa que eu sei que nunca virá. É como se estivesse à espera do Godot. Espero por algo que nunca virá. Vou preparar a minha sepultura neste deserto e adormecer eternamente nesta caverna. A vida é uma merda. Cada criança que não vem ao mundo não a estamos a matar estamos a salvá-la. Quem me dera que tivessem feito o mesmo comigo.