domingo, 1 de fevereiro de 2015

Rise



Sou um morcego. Como aqueles que vivem nas cavernas húmidas, escuras e frias. Adoro a escuridão.
ESCURIDÃO. É a primeira coisa de que me lembro. Estava escuro e eu tinha medo. E depois ela apareceu. Era tão linda e tão brilhante. Era como se fosse a minha tocha numa noite escura e fria. Seguia como uma mosca segue a luz até à morte. Segui as pegadas da morte. EU fiz a minha própria sepultura. SOU O SENHOR DO MEU DESTINO. O SENHOR DA MINHA MORTE.
Depois da morte veio a decomposição e de seguida o renascer. Renasci como um homem-novo. Já la vai o tempo em que dizia longos solilóquios em frente ao espelho. Já lá vai o tempo em que gritava para a minha Ofélia para ela ir para um convento. Já lá vai o tempo em que fazia longas caminhadas com o meu Horácio a filosofar sobre a vida. Já lá vai o tempo em que o Rosencrantz e o Guildenstern me perguntavam o que se passava comigo. Já lá vai o tempo em que comparava a minha vida com a de Fortimbrás. Já lá vai o tempo em que comia a minha própria merda e queixava-me de a terem metido no prato. Já lá vai o tempo em que eu era um monte de merda!
HOJE SOU UM HOMEM MUDADO.
Mas há coisas que nunca mudam. Onde é que estás Godot?

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