Continuo em Inglaterra. Aqui tudo é diferente. Não há luz
nem trevas. Estou sempre a tentar alcançar o anoitecer. O crepúsculo é aquela
parte do dia em que o sol já não está visível mas ainda há luz. É o meio-termo
entre luz e trevas. E eu adoro por ter essa mistura. Confesso que gosto mais do
que a escuridão apesar do crepúsculo ser a parte do dia mais rápida que existe
e de ser mais agradável no Verão. Mas por eu ter gostado tanto do crepúsculo nessa
época, é que neste momento tenho de assistir ao pôr-do-sol todos os dias. Será uma
maldição? Ou uma bênção?
Quem me dera que o crepúsculo soubesse o quanto preciso dele.
Mas talvez seja para isso que ele existe na minha vida. Para eu o admirar e me
dar esperança de que a noite irá correr muito melhor que o dia que passou.
É no crepúsculo que eu me sinto muito mais consciente e que
tenho noção do certo e do errado. E então agora que estou em Inglaterra ainda
mais.
No primeiro mês que aqui estive foi apenas uma parte do dia.
Agora é uma droga. Pior que a cocaína por agarrar mais depressa e por ser mais
prejudicial. Se for preciso é a droga mais viciante e maléfica que existe para
mim, por saber também que nunca vou alcançar pois o crepúsculo dura alguns
momentos do dia e eu quero que ele dure 24 horas por dia, logo será IMPOSSÍVEL a
sua conquista.
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