Na chuva. Foi onde fui deixado. Sinto-me
molhado, com frio, abandonado e isolado.
«Quero fumar. Um cigarro»1
foi o que ouvi durante toda a noite. Tinha duas vozes a sussurrar-me ao ouvido.
A da luz e a interior. Apesar de ter estado perto da luz ontem à noite não queria
estar com ela. Queria apenas estar com o Me,
myself and I. sem ninguém perto de mim. Ontem não queria nem luz nem trevas.
Neste momento sinto-me melhor nas trevas do que na luz. É por esta razão digo
que sou um morcego. Adoro as trevas.
Passei pelas trevas há pouco – ainda
não vi a luz – cruzámo-nos. Caminhávamos ao encontro um do outro vindos de direcções
opostas. Ela sorriu para mim e eu respondi-lhe «podes passar». Disse-o de uma
maneira doce e suave. Irónico como ontem fui frio para a luz e há pouco doce
com as trevas.
Passados cinco minutos desse
momento voltei a falar com ela. Fui eu que provoquei esse momento. Fui ter com
ela e perguntei-lhe algo estupido que ate já sabia a resposta mas só precisava
de a ouvir. Se era como eu tinha imaginado. E era. Era não, É.
Fuck the light and bless darkness. A partir de agora irei seguir os
meus instintos e não o que está correcto.
Se não procurar-mos o Godot nunca
o vamos encontrar.
1 As criadas de Jean Genet
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