Passei pela luz
há pouco mas ela fugiu de mim. Evaporou-se como a água num dia de calor. Como
se eu fosse um fantasma e assim que me aproximo dela apenas desaparece.
Não tive
oportunidade de me drogar. A minha droga é a música. Precisava de algo que aliviasse
a minha raiva por essa razão estive a jogar no telemóvel, cujo objectivo do
jogo é partir vidros com umas bolas de metal. Precisava de ouvir algo a partir.
Quando estou irritado tenho o hábito de esmurrar em todos os objectos que fazem
barulho. Sinto prazer nisso mas o que me faz delirar é essa dor que permanece
nas mãos ou no corpo quando me agrido. Mais tarde a dor pode ser incomodativa
mas naquele momento é a maior fonte de prazer que um ser humano pode ter.
A dor é bastante
misteriosa. Quando os outros nos magoam é insuportável mas quando é uma auto-agressão
torna-se divinal. Odeio esses filhos da puta que adoram torturar os outros. A
todos os que me fizeram mal adorava ser eu um dia a torturar-vos. Fazer-vos
sangrar – bleed it out –. Mas ao fazê-lo estaria a dar uma
bênção. Pois se a vida é um sofrimento, tirá-la acabaria com esse sofrimento.
Por essa razão mais valia deixá-los viver e ser eu a seguir as pegadas da
morte.
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